domingo, 22 de maio de 2011

O bom e velho futebol.

Texto a seguir extraído do livro "Futebol ao Sol e à Sombra", de Eduardo Galeano, lançado originalmente em 1995.



O Futebol.



A história do futebol é uma triste viagem do prazer ao dever. Ao mesmo tempo em que o esporte se tornou indústria, foi desterrando a beleza que nasce da alegria de jogar só pelo prazer de jogar. Neste mundo do fim de século, o futebol profissional condena o que é inútil, e é inútil o que não é rentável. Ninguém ganha nada com essa loucura que faz com que o homem seja menino um momento, jogando como o menino que brinca com o balão de gás e como o gato brinca com o novelo de lã: bailarino que dança com uma bola leve como o balão que sobe ao ar e o novelo que roda, jogando sem saber que joga, sem motivo, sem relógio e sem juiz.


O jogo se transformou em espetáculo, com poucos protagonistas e muitos espectadores, futebol para olhar, e o espetáculo se transformou num dos negócios mais lucrativos do mundo, que não é organizado para ser jogado, mas para impedir que se jogue. A tecnocracia do esporte profissional foi impondo um futebolde pura velocidade e muita força, que renuncia à alegria, atrofia a fantasia e proíbe a ousadia.



Por sorte ainda aparece nos campos, embora muito de vez em quando, algum atrevido que sai do roteiro e comete o disparate de driblar o time adversário inteirinho, além do juiz e do público das arquibancadas, pelo puro prazer do corpo que se lança na proibida aventura da liberdade.


Nota: Viva a Neymar, viva a Messi, viva a Robinho, viva a Ganso!!! Viva a todos os atuais artistas da bola!!! Necessários transgressores da ordem!!!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Valeu o texto, hombre! Dentro do aspecto do tempo em que o futebol era jogado simplesmente por prazer e não pela imposição do dinheiro. apenas era necessário uma bola , um campo e 22 lokos dentro de quatro linhas e duas balizas, sem precisar de frescura de marketing e empresários, cotas de tv, direito e imagem, propaganda na camisa, bares e banheiros, cadeiras e outras frescuras modernas.
    Viva o futebol!
    Achei o primeiro comentário ter sido bem pequeno e decidi recomentá-lo novamente de modo mais ampliado.

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